SuperVia deve devolver concessão de trens no Rio até setembro
Governo do Estado busca nova empresa ou gestor para manter a continuidade do serviço
Por: William Moreira, Metrô CPTM
Publicado em: 01/07/2025
O atendimento dos trens da SuperVia no Rio de Janeiro tem seu futuro ainda incerto. A expectativa é que até o mês de setembro a concessionária deixe de realizar o serviço, encerrando um período de 27 anos.
Para evitar transtornos a mais de 300 mil pessoas que dependem dos trens, o governo do Estado está buscando soluções para superar a crise no setor de trilhos.
Um novo gestor ou concessionário é sondado no mercado enquanto o fim da “era SuperVia” se aproxima, deixando um sistema deteriorado e necessitando de grandes investimentos na sua infraestrutura geral.
A sensação do passageiro se comparado com alguns serviços dos anos 90 é de piora na qualidade dos trens, estações e afins, representando um tempo maior na viagem entre dois destinos, segundo apurou o jornal O Globo.
Reportagem publicada nesta segunda-feira mostra que antes da concessão, a despeito da apesar da inexistência de trens com ar-condicionado, o passageiro tinha a percepção de permanecer um menor período embarcado.
O jornal cita como exemplo o trajeto no Ramal Japeri até a Central do Brasil, antes realizado em 75 minutos e agora superando os cem, ou seja, mais 25 minutos de viagem, totalizando 1h40 dentro do trem.
Na via, a queda na qualidade e por consequência na segurança também é evidente, com periódicos casos de descarrilamento, falhas e interrupções, além de uma velocidade média de 40 km/h quando antes chegava aos 70 km/h.
Em Japeri dezenas de trens antigos foram canibalizados, termo que se refere a retirada de peças úteis para uso em composições do mesmo modelo. A reportagem do jornal ouviu relatos de uso do espaço por dependentes químicos, aumentando a insegurança e risco aos passageiros e pessoas próximas da via férrea.
Já em outro ponto, na estação Deodoro, 113 carros de trens estão penhorados desde 1997 por meio de ação judicial, sem previsão de serem retirados do local, ainda que a concessionária já possua um cronograma para efetuar a remoção.
Após o período da pandemia da Covid-19, a empresa já alegou publicamente ter sofrido sérios impactos financeiros, como a diminuição de receitas em razão de menos passageiros transportados, acompanhado em paralelo ao crescimento nos furtos de peças e evasão de renda – quando uma pessoa embarca nos trens sem o pagamento da tarifa.
Destacado como “desafio”, isto se refletiu no intervalo médio das composições e em um sistema mais precário, ainda que a SuperVia pontuou ao jornal realizar manutenções e vistorias periódicas com os trilhos e dormentes seguindo norma internacional.
E de olho na recuperação ainda parcial dos trilhos, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) foi contratada pelo Poder Público do Rio de Janeiro com o objetivo de executar estudos técnicos e financeiros sobre a recuperação da malha pertencente à Supervia.
Este estudo tocado pela estatal paulista compreende 270 km de trilhos em cinco ramais e 104 estações na Região Metropolitana e na capital.
Já a data exata do fim da concessão da SuperVia no Rio de Janeiro ainda não foi informada.