Secretário de Polícia Civil diz que Oruam será indiciado por associação ao tráfico: 'Marginal da pior espécie'
Segundo a instituição, o cantor atacou os agentes e tentou impedir o cumprimento de um mandado de busca e apreensão contra um adolescente
Por: Ana Fernanda Freire, O Dia
Publicado em: 22/07/2025
Após uma confusão envolvendo policiais civis em sua residência no Joá, na Zona Oeste, na noite desta segunda-feira (21), o rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, o Oruam, será indiciado por associação ao tráfico, dano ao patrimônio público, desacato e resistência qualificada. Segundo a instituição, o cantor atacou os agentes e tentou impedir o cumprimento de um mandado de busca e apreensão contra um adolescente.
De acordo com o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, Oruam é um "marginal da pior espécie". A declaração foi feita em entrevista ao "Bom Dia Rio", da TV Globo.
"Se havia alguma dúvida de que o Oruam seria um artista periférico ou marginal da pior espécie, hoje nós temos certeza que se trata de um criminoso faccionado, ligado a facção criminosa Comando Vermelho, da qual o pai dele, conhecido como Marcinho VP, o Márcio Santos Nepomuceno controla a distância, de fora do estado, mesmo estando preso presídio federal. Então, ele é um marginal, bandido, delinquente, criminoso e associado para o tráfico", disse.
Segundo Curi, agentes da especializada receberam informações de que o adolescente, de 17 anos, estaria escondido no interior da residência do cantor. Em seis meses, esse é o segundo foragido da justiça e ligado ao Comando Vermelho, que estava no interior da casa do cantor.
"O Menor Piu é um dos seguranças do traficante Doca, que é o chefe do tráfico do Complexo da Penha, um dos líderes do Comando Vermelho aqui no estado do Rio, e também um dos maiores ladrões de veículos do nosso estado, pelo menos aqui da Capital e Região Metropolitana", afirmou.
O secretário destacou ainda as tatuagens de Oruam em homenagem ao pai, o Marcinho VP, e ao padrinho, conhecido como Elias Maluco, que assassinou o jornalista Tim Lopes.
"É um marginal da pior espécie e está mais do que comprovado. Se alguém tinha alguma dúvida se ele era um artista periférico ou um marginal, hoje está mais do que provado. Essa é a posição da Polícia Civil, essa é a posição da DRE, ele está sendo indiciado no dia de hoje por esse crime, vai responder e agora é com a Justiça e com o Ministério Público", frisou.
Policiais foram atacados com pedras
Em nota, a Polícia Civil explicou que agentes da DRE estavam monitorando o alvo em uma viatura descaracterizada. No entanto, ao sair da casa, junto com outras quatro pessoas, o adolescente foi abordado pelos policiais, ocasião na qual foi anunciada a apreensão dele, bem como dos bens que portava, um celular e um cordão.
Durante a abordagem, Oruam e mais oito pessoas surgiram na varanda, xingaram e atacaram os agentes com pedras, vindo a ferir um dos policiais. Em seguida, eles desceram e continuaram proferindo insultos e ameaças contra a equipe.
Na sequência, um dos homens que participou do ataque aos policiais correu para dentro da casa, o que obrigou a equipe a entrar para prendê-lo. Ele foi autuado em flagrante por desacato, resistência qualificada, lesão corporal, ameaça, dano e associação para o tráfico.
Oruam e os demais fugiram do local, posteriormente realizando novos ataques aos policiais por meio de redes sociais.
"Vocês querem que eu me revolte né? Estou aqui na Penha, vem aqui. Eu quero ver vocês me pegarem aqui dentro do Complexo, porque aqui vocês 'peida' (sic), pô"", disse Oruam.
A região do Complexo da Penha é dominada pelo traficante Edgar Alves de Andrade, conhecido como "Doca" ou "Urso".
Relembre prisão
Em fevereiro deste ano, a Polícia Civil cumpriu dois mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Oruam. Na ação, ele foi preso em flagrante por favorecimento após o foragido da Justiça, Yuri Pereira Gonçalves, procurado por organização criminosa, ser encontrado dentro da sua casa. Apesar disso, ele foi liberado horas depois após assinar um termo circunstanciado, se comprometendo a comparecer ao Juizado Especial Criminal (Jecrim).
Durante as buscas na residência, os agentes apreenderam diversas armas de airsoft, joias, celulares, rádios comunicadores, uma pistola 9mm, munições e um kit rajada. Segundo a Polícia Civil, a pistola foi encontrada no cômodo em que Yuri dormia. Na delegacia, o traficante assumiu a posse dos materiais ilícitos.
No mesmo mês, Oruam foi detido durante uma blitz da Polícia Militar na Avenida Lúcio Costa, Barra da Tijuca, Zona Oeste. O cantor acabou conduzido à 16ª DP (Barra) em uma viatura após fazer uma "manobra perigosa" na frente da PM e autuado em flagrante por direção perigosa.
Na ocasião, o delegado da 16ª DP estabeleceu um valor de R$ 60 mil para a fiança, permitindo que o rapper respondesse ao processo em liberdade. Na distrital, a polícia verificou ainda que ele estava dirigindo com a carteira de habilitação vencida. Ele foi autuado também por este crime.