Polícia prende 40 em operação contra tráfico de animais silvestres e salva 600 bichos; TH Joias é alvo
A instituição considera esta “a maior operação da história do Brasil de combate ao tráfico de animais silvestres, armas e munições”.
Por: Felipe Freire, Jefferson Monteiro, Bom Dia Rio
Publicado em: 16/09/2025
A Polícia Civil do RJ prendeu, nesta terça-feira, ao menos 40 pessoas, algumas em flagrante, na Operação São Francisco, contra o tráfico de animais silvestres. A instituição considera esta “a maior operação da história do Brasil” no segmento. Mais de 700 bichos haviam sido resgatados.
Cerca de 1 mil agentes saíram para cumprir 45 mandados de prisão preventiva e 275 de busca e apreensão em todas as regiões do estado, mais São Paulo e Minas Gerais.
Duas pessoas foram baleadas. Um suspeito foi atingido em uma troca de tiros e está internado em estado grave. Uma policial civil também foi atingida na perna durante um ataque de criminosos na comunidade da Mangueira, na Zona Norte do Rio. O estado de saúde dela é considerado estável.
Um dos alvos de busca é o ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, TH Joias, preso em outra operação — ele teria comprado 4 macacos.
“Nós identificamos 145 autores e conseguimos, junto à Justiça, através de uma longa e complexa investigação, 45 mandados de prisão preventiva, todos por organização criminosa”, disse o delegado André Prates.
Um dos focos da força-tarefa é um núcleo criminoso “especializado” em primatas, responsável por caçar, dopar e comercializar ilegalmente macacos retirados de áreas de mata, especialmente na Floresta da Tijuca e no Horto.
Segundo os investigadores, os bichos eram retirados de seu habitat de forma cruel e transportados para centros urbanos, onde eram vendidos ilegalmente.
Bernardo Rossi, secretário estadual de Meio Ambiente, afirmou que apenas um dos presos “comercializou mais de 45 mil espécimes”. “É o corredor da morte dos nossos animais silvestres. A crueldade é enorme”, declarou.
Rossi disse também que havia no esquema espécies com risco de extinção, como onças, e que 60% dos animais retirados chegavam sem vida ao destino.
Segundo a polícia, o comércio desses animais movimenta os cofres de uma organização criminosa que fatura milhões.
Foi montada na Cidade da Polícia uma base para receber os animais. Lá, os bichos receberão atendimento médico veterinário por profissionais voluntários e serão avaliados por peritos criminais. Em seguida, serão levados para centros de triagem, a fim de garantir a reintrodução na natureza.
Procurada, a defesa do ex-deputado TH Joias informou que ainda não teve acesso aos autos da investigação.
Estrutura da organização criminosa
A organização criminosa operava por meio de diversos segmentos:
- Caçadores (mateiros): realizavam a captura em larga escala.
- Atravessadores: transportavam os animais até os centros urbanos.
- Falsificadores: produziam documentos e selos públicos falsos para “esquentar” a origem dos animais.
- Núcleo de armas: fornecia armamento e munições para a proteção das atividades ilegais.
- Consumidores finais: foram identificados diversos compradores que alimentavam o mercado clandestino.
A investigação também revelou a relação entre o tráfico de animais e o tráfico de drogas, com feiras clandestinas como as da Pavuna e Duque de Caxias como pontos de venda.
“A gente identificou um grupo ligado ao tráfico de drogas que fornece armas e munição em larga escala. Esse núcleo teve algumas prisões hoje. Um deles é apontado como um latrocida contumaz, demonstrando que o tráfico de animais e o tráfico de drogas estão na mesma organização criminosa”, explicou o delegado André Prates.
A ação é coordenada pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) e tem o apoio do Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaema/MPRJ), do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).