Pais realizam protesto contra Unimed após aviso de suspensão de terapias para crianças

Clínicas podem interromper tratamentos de pacientes com TEA, paralisia cerebral e outras doenças por falta de pagamentos


Por: Rachel Siston, O Dia

Publicado em: 09/09/2025

Roberta e Júlio César temem que interrupção pode provocar regresso no quadro do filho autista

Reginaldo Pimenta/Agência O Dia

Pais de pacientes da Unimed Ferj realizam um protesto, nesta terça-feira (9), após avisos de que os filhos podem ter os tratamentos suspensos. A manifestação acontece em frente a sede administrativa da operadora, na Avenida Ayrton Senna, na Barra da Tijuca, Zona Sudoeste do Rio*. Os responsáveis afirmam que crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), paralisia cerebral, síndrome de Down (T21) e doenças raras terão terapias interrompidas por falta de pagamento da empresa às clínicas conveniadas. 


O grupo ocupa uma faixa da via, na altura do Aeroporto de Jacarepaguá, reivindicando os repasses às clínicas credenciadas para a continuação do tratamento das crianças. Com faixas, cartazes e ao som do "o juiz mandou pagar" e "caloteira", os manifestantes pedem que a Unimed Ferj cumpra uma liminar da Justiça que determina o pagamento. Mãe de uma criança autista, Roberta conta que o filho faz tratamento na Avanfisio há três anos e que a interrupção pode representar uma regressão do quadro da criança. 


"A Unimed está com sete notas em aberto, já vindo da Unimed Rio, eles juntaram mais dívidas com a Unimed Ferj agora e estão se recusando a pagar. É um prejuízo muito grande, porque nosso filho vem evoluindo muito, sem medicamento, só com as terapias. Então é muito importante esse pagamento, para o tratamento não parar, não ter retrocesso no desenvolvimento e na evolução dele. A gente está aqui em prol da Unimed pagar o que deve. É uma liminar, o juiz determinou e eles têm que cumprir", desabafou a mãe. 


"Hoje a gente tem um custo mensal de R$ 600, a gente não paga barato (...) Recentemente, a gente precisou fazer uso (do plano) para o tratamento com dermatologista, em Cascadura, e a funcionária do estabelecimento falou que a Unimed Ferj não pagava os boletos há três meses, já estão com perigo de serem descredenciados, também, porque eles não estão efetuando pagamento nos consultório e em qualquer enfermidade", completou o pai do menino, Júlio César. 


Desde abril deste ano, um grupo de mães já passava pela angústia diante da possível interrupção dos tratamentos multidisciplinares de seus filhos com TEA, que eram atendidas em uma clínica no Recreio dos Bandeirantes, também na Zona Sudoeste. À época, o estabelecimento chegou a anunciar a suspensão dos serviços, por conta da ausência de repasses financeiros por parte da operadora.


Pacientes oncológicos também enfrentam dificuldades


Há semanas, pacientes oncológicos da Unimed Ferj relatam dificuldades no atendimento. Em agosto, diversos usuários que já eram atendidos pela Oncoclínicas e outras unidades foram transferidos para o recém-inaugurado Espaço Cuidar Bem, em Botafogo, Zona Sul, por conta do descredenciamento da operadora. No entanto, houve queixas sobre a falta de profissionais, medicamentos e problemas na estrutura do espaço. O estabelecimento chegou a ser autuado pelo Procon e alvo de uma ação da Justiça.


Na segunda-feira (8), a Oncoclínicas retomou o atendimento temporário e emergencial a pacientes oncológicos que ainda não tenham sido transferidos para as unidades próprias ou de outros parceiros credenciados pela operadora. O centro de tratamento de câncer chegou a interromper o serviço aos segurados por falta de pagamentos. Segundo a companhia, a empresa tem uma dívida de aproximadamente R$ 790 milhões, que deve ser quitada em 94 parcelas mensais não lineares. 


*A Barra da Tijuca e o Recreio dos Bandeirantes, que antes faziam parte da Zona Oeste, agora passaram a ser reconhecidos como Zona Sudoeste, após decreto publicado pela Prefeitura em 9 de setembro de 2025.


> Colaborou Reginaldo Pimenta.