Nova licitação de ônibus do Rio prevê aumento de 25% na frota e começa pela Zona Oeste

Região é apontada como a que recebe menos eficiência no serviço. Implantação ocorrerá em cinco fases



Por: O Dia

Publicado em: 28/05/2025

Secretária de Transportes, Maína Celidoneo, prefeito Eduardo Paes, e vice Eduardo Cavaliere apresentaram nova licitação de ônibus

Reginaldo Pimenta/Agência O DIA



Rio - A Prefeitura do Rio e a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) apresentaram, nesta quarta-feira (28), as regras da licitação dos ônibus municipais do Rio. O processo estava previsto para acontecer somente em 2028, com o fim da concessão firmada em 2010, mas foi antecipada para este ano, por meio de acordo judicial. O novo sistema vai começar por mudanças na Zona Oeste e estipula renovação de toda a frota, além de aumento de 25% no número de coletivos.


A antecipação faz parte do acordo judicial firmado em 30 de abril entre a Prefeitura do Rio, o Ministério Público (MPRJ) e os quatro consórcios responsáveis pela operação das linhas de ônibus no município. Durante a apresentação, no Centro de Operações Rio, o prefeito Eduardo Paes declarou que a licitação será o maior ponto de virada da mobilidade urbana da cidade, superando as ocasionadas pelas mudanças no sistema BRT.


"Não é uma mudança que vai acontecer amanhã, mas nós vamos ter um cronograma bastante ousado e, a partir do ano que vem, já vamos ver áreas da cidade sendo completamente transformadas, com transporte digno, decente. Na minha opinião, esse é um ponto de virada mais importante da história da mobilidade da cidade do Rio de Janeiro, talvez até mais importante do que o próprio BRT. Nós estamos falando de um sistema que está aí 60 anos operando com pouca institucionalidade, de forma irregular e precisa, portanto, da nossa ação".


Na coletiva de imprensa, a secretária de transportes, Maína Celidonio, destacou que a nova licitação terá início pela Zona Oeste, por ser a área com a menor eficiência do serviço. Além disso, a operação que atualmente é realizada por quatro consórcios (Transcarioca, Internorte, Intersul e Transcarioca), passará a ser operada por 31. 


Na primeira fase, há previsão de que a região compreendida como Campo Grande Norte passe a contar com 150 ônibus no lote estrutural - que atenderão diferentes regiões da cidade - atualmente com 95. Já no lote local - focados em deslocamentos dentro de bairros ou entre bairros vizinhos -, estão previstos 200 coletivos, hoje 37. O lote local de Santa Cruz também pretende passar dos atuais 67 para 330. Esta etapa teve início em abril desse ano e se encerra no mesmo mês de 2026. Paes apontou que os passageiros devem começar a perceber melhorias a partir do primeiro semestre de 2026.


"Vamos começar as primeiras licitações já nesse ano de 2025. A nossa expectativa é primeiro semestre de 2026, nas áreas mais mal atendidas da cidade, com menos ônibus, e nesse caso especialmente Zona Oeste e Ilha do Governador, a gente vai começar a fazer as licitações e já disponibilizar um número de ônibus muito maior, com ônibus novos, com novas características (...) Não é, infelizmente, uma solução tão rápida assim. Eu diria que a gente vai ter a sensação de mudança, especialmente Zona Oeste e Ilha (do Governador), a partir do ano que vem".


A segunda fase acontece a partir de novembro de 2025 e até setembro de 2026 (Zona Oeste, Vila Isabel e Ilha do Governador); a terceira entre abril de 2026 e abril de 2027 (Zona Oeste, Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Zona Norte); a quarta começa em novembro de 2026 e termina em novembro de 2027 (Zona Oeste, Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Zona Norte); e a fase final está prevista para ocorrer entre setembro de 2027 e agosto de 2028 (Zona Sul e linhas das demais regiões com bom índice de avaliação do serviço).


Índice de Qualidade do Transporte

Para garantir a eficiência do serviço dos ônibus, a nova licitação vai utilizar o Índice de Qualidade do Transporte (IQT) para medir a operação trimestralmente. O indicador, desenvolvido por equipe técnica da SMTR, considera sete dimensões: infrações disciplinares; atendimento ao plano operacional; satisfação dos passageiros; idade média da frota; presença de ar-condicionado; regularidade das viagens e operação sem penalidades. 


As linhas de empresas com IQT inferior a 0,8 perderão o direito de exclusividade, podendo ser transferidas para novos operadores ou geridas diretamente pela prefeitura. "Esse índice vai ser usado para frente, nas novas licitações e nas nossas avaliações trimestrais da qualidade do serviço na cidade", afirmou a secretária de transportes. 


Na apresentação, Celidoneo pontuou que quando a atual gestão assumiu a administração municipal, em 2021, o sistema de ônibus municipais tinha 58% dos serviços inoperantes, 18% com operação irregular e apenas 24% regular. No período, mais de 15 empresas encerraram as atividades e 11 entraram em recuperação judicial. Atualmente, há cerca de quatro mil coletivos circulando pela cidade. "O sistema de ônibus regular ainda carrega mais de 2 milhões de passageiros por dia. Os impactos dessa mudança também vão ser muito maiores na vida da população".