Fábrica de sabão vira tormento: moradores relatam náuseas, urubus e mau cheiro em Nova Iguaçu

'É um cheiro insuportável com o qual a gente convive aqui há anos e não muda', disse moradora.


Por: Adriana Rezende, RJ1

Publicado em: 22/11/2025

Urubus em caminhão com carcaças de bois em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Foto: Reprodução/ TV Globo

Moradores da Estrada de Adrianópolis, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, denunciam que uma fábrica de sabão e detergente está exalando um cheiro ruim por toda a vizinhança. O efeito atrai urubus, assustando os moradores.


“É um cheiro insuportável com o qual a gente convive aqui há anos e não muda. Um cheiro que vai muito longe, até bairros vizinhos”, contou a enfermeira Luana Ferreira.


Do alto, foi possível ver duas carretas lotadas de carcaças de bois e muitos urubus na quinta-feira (20).


Os ossos e o sebo dos animais são usados na produção de sabão. As aves, com olfato apurado, sentem o cheiro de longe. A fábrica pertence à Grande Rio Alimentos, uma das maiores fabricantes de sabão em barra do estado. Ela faz parte do GR Grupo, dono também da GR Higiene e Limpeza, responsável pela distribuição dos produtos.


Os moradores afirmam que, nos dias mais quentes, o cheiro invade as casas e causa desconforto, náuseas e dificuldade para respirar. Não é possível manter as janelas abertas.


“Tem que ficar com a casa toda fechada, o dia todo. Aí não entra o cheiro”, disse a dona de casa Rafaela Monteiro.


O comércio também sente o impacto do mau cheiro. A comerciante Simone Regilene tem uma loja de maquiagem em frente à fábrica há menos de um mês.


“A gente prefere ficar assim, dentro da loja, para pegar um ventinho melhor, do que ficar do lado de fora. Tem dia que é insuportável”, afirmou Simone.


A fumaça que sai da chaminé também é motivo de preocupação. A dona de casa Neci Ernesto tem um filho que trabalha na fábrica e conta que, mesmo usando máscara, ele muitas vezes volta para casa passando mal.


“Meu filho teve problema de saúde, de respiração. Eles falam que eles mesmos não suportam o cheiro. Mas tem que trabalhar, né?”, disse a dona de casa.


Os moradores contam que pediram ajuda às autoridades há meses, mas a situação se arrasta sem solução.


“Ninguém faz nada. Já fizeram manifestação, abaixo-assinado, fizeram de tudo”, contou a pensionista Flávia de Oliveira.


Segundo eles, a empresa prometeu, mas não apresentou o relatório de impacto ambiental na vizinhança, um estudo que avalia os efeitos na qualidade de vida de quem vive no entorno.