Morte de gari: Dados apontam aumento no número de violência armada em Caxias
Segundo levantamento do ISP, o índice de casos de letalidade violenta cresceram de janeiro a agosto deste ano; Conselho Comunitário mostra preocupação: 'Colapso da segurança'
Por: Romulo Cunha, O Dia
Publicado em: 02/10/2025
A morte do gari Rafael Gomes Barbosa, de 38 anos, atingido por uma bala perdida enquanto trabalhava na coleta de lixo de um mercado nesta quarta-feira (1º), acende o alerta para o crescimento da violência em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), houve o aumento de 19% no número do índice de letalidade violenta no município neste ano.
O indicador corresponde a soma de casos como homicídio doloso, roubo seguido de morte (latrocínio), lesão corporal seguida de morte e morte por intervenção de agente do estado. De acordo com o ISP, de janeiro a agosto de 2025, ocorreram 192 registros de situações como essas, uma diferença de 31 a mais do que o mesmo período do ano passado.
Levando em conta apenas o mês de agosto, o último divulgado, foram 23 casos este ano contra 17 de 2024.
Rafael morreu baleado enquanto coletava lixo de um mercado na Rua Dom Silvério, no Jardim Olavo Bilac. O número de letalidade violenta do 1º distrito da cidade, onde o bairro está localizado, também aumentou nos oito primeiros meses do ano: de 47 em 2024 para 56 em 2025.
Homicídios
Os números de homicídios dolosos, quando há intenção de matar, também chamam atenção por causa do crescimento. O levantamento do ISP destaca que ocorreram 144 mortes no município de janeiro a agosto, uma diferença de 27% sobre o mesmo período de 2024 (113). Apenas em agosto de 2025, houve 19.
"Colapso da segurança"
O Conselho Comunitário de Segurança Pública de Duque de Caxias, através do presidente Jerônimo Calçada, mostrou indignação com os recentes casos de violência do município. De acordo com a instituição, os dados demonstram o "colapso da sensação de segurança que todos deveriam ter como direito fundamental".
O CCS lembrou as mortes de Rafael e de Sumara Oliveira de Araújo, de 28 anos, atingida por um tiro dentro de casa na comunidade do Dique no último domingo (28). Na ocasião, houve um confronto entre criminosos.
Como soluções para melhorar a situação na cidade, o Conselho pediu: uma investigação rigorosa e célere, com a devida responsabilização dos autores; reforço imediato e efetivo do policiamento nas áreas mais vulneráveis; integração entre as forças de segurança, com inteligência, monitoramento e ações preventivas; e medidas que assegurem proteção efetiva à população, especialmente mulheres, trabalhadores e crianças.
Questionada sobre o assunto, a Polícia Militar ainda não respondeu. O espaço está aberto para manifestação.
Relembre a morte do gari
A morte de Rafael aconteceu na manhã desta quarta-feira (1º). O gari, que prestava serviço à Prefeitura de Duque de Caxias, chegou a ser socorrido e colocado em uma Kombi para ser levado a um hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
Segundo relatos, o tiro teria partido de criminosos de uma comunidade do bairro Jardim Olavo Bilac, que tinham como alvo uma viatura da Polícia Militar que passava pelo local. A Kombi foi levada até a Avenida Governador Leonel de Moura Brizola junto com o corpo da vítima por colegas.
A Prefeitura de Caxias, por meio do prefeito Netinho Reis, manifestou pesar e repúdio ao ato de violência que resultou na morte do servidor da empresa Estevão, que presta serviços para Secretaria Municipal de Obras. O Poder Executivo decretou três dias de luto oficial.
"Trata-se de um crime brutal e inaceitável, que atinge não apenas a vítima e seus familiares, mas toda a sociedade caxiense. A administração municipal está acompanhando o caso de perto e cobrará rigorosa apuração por parte das autoridades competentes, para que os responsáveis sejam identificados e punidos com o máximo rigor da lei", disse em nota.
De acordo com o órgão, programas como o Caxias Livre e a Patrulha da Madrugada serão reforçados com a implantação da Guarda Municipal Armada, a partir do início de 2026.
O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Segundo a Polícia Civil, as diligências estão em andamento para apurar a autoria do crime.
O sepultamento será realizado no Estado do Rio Grande do Norte, onde moram familiares do gari. A empresa responsável pelo vínculo empregatício de Rafael fará o translado do corpo. Ainda não há informações sobre a data e o horário do enterro.