Baixada tem 5 cidades entre as 6 com deslocamento mais lento para o trabalho no país

12,5% dos moradores de Queimados enfrentam pelo menos 2 horas até chegar ao emprego


Por: Eduardo Pierre, g1 Rio

Publicado em: 10/10/2025

Avenida Brasil, no Trevo das Missões, em Cordovil, na Zona Norte do Rio.

Foto: Reprodução/TV Globo

Todos os dias, 70 milhões de brasileiros saem para trabalhar. Muitos gastam mais de 2 horas nesse deslocamento, não importa o meio de transporte. No Rio de Janeiro, essa é uma realidade marcante: a Região Metropolitana é onde há as maiores parcelas da população perdendo bastante tempo nesse vaivém.


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quinta-feira (9) um recorte do Censo 2022 sobre como é ir para o batente no país. De acordo com dados da amostra “Deslocamentos para trabalho e estudo”, 12,5% dos moradores de Queimados enfrentam pelo menos 2 horas até chegar ao emprego.


A Baixada Fluminense, aliás, domina a lista das grandes cidades onde mais gente enfrenta os deslocamentos mais demorados. Dos 6 municípios com os piores índices, 5 são dessa região, com pelo menos 5% dos habitantes nessa situação.


Segundo o IBGE, dos 20 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes que registram as maiores proporções de trabalhadores levando mais de 2 horas para chegar ao emprego, 11 são do RJ, 7 de SP e 2 do PA.


A lista da espera


  1. Queimados (RJ): 12,5% da população gasta 2 horas ou mais para trabalhar;
  2. Nova Iguaçu (RJ): 11,8%
  3. Belford Roxo (RJ): 10,8%
  4. Itapecerica da Serra (SP): 10,5%
  5. Magé (RJ): 10,2%
  6. Duque de Caxias (RJ): 7,8%
  7. Francisco Morato (SP): 7,3%
  8. Itaquaquecetuba (SP) 6,8%
  9. Itaituba (PA): 6,8%
  10. Mesquita (RJ): 6,1%
  11. Ferraz de Vasconcelos (SP): 5,3%
  12. Abaetetuba (PA): 5,2%
  13. Nilópolis (RJ): 5,1%
  14. Itaboraí (RJ): 5%
  15. Franco da Rocha (SP): 5%
  16. São Gonçalo (RJ): 4,9%
  17. Maricá (RJ): 4,9%
  18. São João de Meriti (RJ): 4,7%
  19. Suzano (SP): 4,7%
  20. Embu das Artes (SP): 4,6%


O levantamento mostra que 40 milhões de brasileiros levam entre 6 minutos e meia hora no trajeto entre casa e emprego — o que representa o padrão mais comum no país. Outro 1,26 milhão de trabalhadores, porém, gasta mais de 2 horas no percurso, o que equivale a 1,8% da população ocupada.


A Região Sudeste é a que mais concentra deslocamentos longos, reflexo da forte urbanização e da concentração de postos de trabalho em grandes metrópoles.


O instituto destaca que a Região Metropolitana do Rio de Janeiro reúne a maior parcela de trabalhadores com longos deslocamentos. O movimento pendular entre a capital e as cidades da Baixada Fluminense é apontado como um dos principais fatores para o tempo elevado no transporte diário.


De acordo com o IBGE, a dinâmica urbana fluminense reflete o descompasso entre a oferta de emprego e o local de moradia. Municípios periféricos concentram a população trabalhadora, enquanto as oportunidades estão em áreas centrais.


Essa relação pressiona os sistemas de transporte público, especialmente os intermunicipais, e amplia a dependência de trens, ônibus e vans para os deslocamentos cotidianos.


O instituto chama atenção para o impacto desse tempo de viagem na qualidade de vida e na produtividade. Jornadas prolongadas de deslocamento reduzem o tempo disponível para lazer e descanso, além de gerar custos econômicos e ambientais mais altos.


“O conhecimento da intensidade desses fluxos permite aprimorar o planejamento e a gestão dos sistemas de transporte, com efeitos diretos sobre a vida da população”, diz o texto do relatório.


No caso do Rio, o IBGE destaca que a integração funcional entre os municípios da Baixada e a capital é essencial para reduzir o tempo médio de deslocamento e os custos sociais do transporte.